E a neve abriu os noticiários: Portugal branco e enregelado. Por uns dias participou a província lusitana de algo que também acontece na Europa.
ZD confessa o seu desapego ao frio e respectivas manifestações - neve, gelo, dificuldade em manter os pés quentes, considera o conceito de férias na neve um ritual masoquista e, se o arrefecimento persistir, há que reconquistar o Brasil.
Mais uma noite eleitoral, o primeiro presidente da segunda República da área política do centro direita (Onde é que fica isto?) e um vazio enorme - sem eleições nos próximos 3 anos, resta o futebol.
A indústria das sondagens continua a retirar o sal a estas noites. Já sabemos quem ganha, sobra o aparato da cobertura televisiva, os comentários mais ou menos felizes dos ilustres iluminados da opinião pública, o entediante desfilar de reacções previsíveis dos partidos aos resultados e, com um pouco de sorte, um passo em falso.
Sócrates foi o protagonista (in)voluntário, saudou o seu novo parceiro de tertúlias republicanas - o outro protagonista de Boliqueime - cortando a palavra nas televisões ao segundo candidato mais votado, Manuel Alegre. Sócrates foi cordial para com o vencedor, caloroso para com o grande derrotado e omisso em relação a quem cortou a palavra. Péssima digestão de uma noite que não lhe correu de feição.
O ministro das Finanças pôs um ponto final na hesitação néscia que gerações mais jovens poderiam revelar: brevemente a Segurança Social estará estrangulada por essa catástrofe dos tempos modernos - o aumento da esperança média de vida.
Sisudo e ponderado, consciente que esta inevitabilidade não o afectará, o ministro das Finanças não quis diminuir a confiança dos portugueses no futuro próximo, não visou potenciar esta angústia crescente e resultante do naufrágio de um modelo social ultrapassado. O ministro das Finanças, responsável e cinzento, somente afirmou mais um desígnio nacional: apertar o cinto, tentar garantir as reformas por mais uns anitos e continuar a aturar a incompetência e a idiotice dos que nos governam.
Safari no Quénia, esqui nos Alpes, segue-se o surf nas praias australianas?
2006 promete: Ota para aqui, Ota para ali, e eis o aeroporto da Portela no seu lusitano esplendor. Estranhas personagens protagonizam, na sequência da peculiar contratação de um guarda-redes, uma afirmação de nacionalismo - Somos todos portugueses - que acaba com uma pujante estalada.
Este interessante episódio fez ontem furor na Bancada Central, imperdível programa radiofónico da TSF, onde o ponderado Fernando Correia mostra paciência de Job perante esquizofrénicas intervenções dos ouvintes. Ontem ZD ficou particularmente agradado com o rol de participações que basicamente tinham uma estrutura idêntica: breve preâmbulo, saudando o cordial anfitrião do programa e apresentando os votos de um óptimo 2006, seguido de uma afirmação clubística marcada por um conjunto de impropérios lançados para o odioso rival e os respectivos adeptos - proxenetas, raptores, imbecis, atrasados mentais - e, por fim, a despedida, já com a voz rouca.
Uma vez mais neste pacífico condado azuis e verdes atiraram-se aos vermelhos, disparando estes também em ambas direcções, e Fernando Correia, ao permitir estes confrontos verbais, alivia a tensão do esgotante dia de trabalho e presta verdadeiro serviço público. Viva a Bancada Central.