A seleccção nacional garantiu o bilhete para a fase final do Europeu 2008 e Scolari, inconformado pelo facto da comunicação social não lhe colocar a coroa de louros, deu mais um murro (desta vez na mesa).
É possível usar o estafado a selecção portuguesa venceu [apurou-se] sem convencer, porém humildemente deve-se salientar que desde 1996 Portugal não falha uma fase final do europeu.
Os soluços de uma equipa incapaz de impor um estatuto arrancado com suor nas últimas campanhas marcaram a fase de apuramento. ZD, com algum esforço, consegue recordar uma exibição convincente - o jogo contra a Bélgica em Alvalade. As exibições na Finlândia e na Polónia, os golos sofridos nos últimos minutos nas recepções à Polónia e à Sérvia, a mediocridade dos jogos contra a Arménia foram espinhos que impediram que os adeptos da selecção saltassem do sofá no final do jogo do Dragão contra a Finlândia, ainda com o ritmo cardíaco alterado perante a ameaça de auto-golo no corte de Bruno Alves nos momentos finais, e abrissem a melhor garrafa de espumante ou saíssem para a rua a festejar a proeza heróica (leia-se: o empate com a Finlândia).
Os portugueses foram mal habituados nos últimos anos. Ontem era impensável Portugal ficar afastado do Áustria/Suíça 2008 (tal como a Inglaterra) e antes de 1996 era habitual a selecção ver a fase final do europeu na televisão.
Seria interessante analisar em que área da sociedade portuguesa houve uma evolução semelhante à da selecção nacional de futebol. Fica para mais tarde. ZD continua desalinhado em relação a Scolari, desalinhado em relação aos que o endeusam perante os resultados que apresenta, desalinhado em relação aos que o diabolizam confrontados com a sua prepotência e com a pobreza franciscana das exibições da equipa nacional nos últimos tempos.
Enfim, em 2008 partimos para os Alpes e, depois de um grupo de apuramento que os críticos consideraram demasiado acessível, ZD espera que o sorteio para a fase final coloque, no grupo de Portugal, Grécia (com quem temos contas a ajustar do Euro 2004), República Checa (Euro 1996) e França (Euro 1984, Euro 2000 e Mundial 2006).
O episódio que teve como protagonistas o presidente Hugo Chavez, o rei Juan Carlos e o presidente Zapatero permitiu a ZD um breve momento de tréguas em relação à monarquia.
O aparato dos monarcas tem a utilidade daquele jarrão esquecido no canto da sala, os casamentos reais não passam de descargas dispendiosas de fogo de artifício e a família real é alimento para a esfaimada imprensa cor de rosa.
No entanto, as palavras do rei Juan Carlos propiciaram um momento de empatia com a monarquia. Sem estar amarrado ao arrazoado diplomático de Zapatero na defesa de Aznar, Juan Carlos utilizou a única linguagem acessível à arrogância de um ditadorzeco que se reclama socialista, que se escuda na exportação de petróleo e que, mais cedo ou mais tarde, está condenado à extinção (para alívio da pobre Venezuela).
P.S. Por que não te calas? Interrogação simples e incisiva. A sua repetição torna-se apetecível:
Por que não te calas, Mário Lino? (Perdido no papel de advogado das obras do governo e incapaz de duas afirmações consequentes.)
Por que não te calas, Maria de Lurdes? (O silêncio é de ouro.)
Por que não te calas, Alberto João Jardim? (Já não há paciência.)
Por que não te calas, Miguel Sousa Tavares? (As agressões de Bynia, Ricardo Silva, Anselmo e a delicadeza desse gentleman Bruno Alves - maldita miopia.)
Por que não te calas, ZD? (O silêncio é de ouro.)
Dizem que o homem é um animal de hábitos.
A revolta contra a rotina, uma vida organizada à volta de pequenos hábitos que tornam o quotidiano confortável, não passa de verniz.
ZD é um animal de hábitos. Ganhou na sua distante juventude o hábito de devorar jornais nos bancos do autocarro, sobretudo o jornal Público, cujo nascimento, infância e juventude acompanhou. O hábito de andar de autocarro cedo foi perdido com a aquisição de um pequeno renault clio, porém subsistiu o hábito de ler o Público, de sentir o cheiro a tinta e papel logo de manhã, se possível acompanhado por uma bica.
Com o correr do tempo, a internet diluiu parte significativa da sofreguidão em relação a este hábito. Sem sair de casa, no ecrã do computador, o sítio electrónico do jornal Público (um caso de fidelidade) oferece a ZD o essencial da informação dia após dia.À sexta, contudo, ZD mata a saudade do cheiro a tinta e papel com a volumosa edição do jornal Público (como não poderia deixar de ser).
Neste ano tornou-se um hábito (prazer de características vulgares), na manhã de sexta, partir para Espinho no comboio urbano, desfolhar as numerosas páginas do jornal e entrever a costa na janela. Uma pequena mudança no horário esta semana vitimou aparentemente este hábito.
No entanto, obrigado a conduzir o carro para Espinho, ZD, ainda dormente, não resistiu, parou na estação de serviço da auto-estrada para repor os níveis de cafeína, tinta e papel.
P.S. ZD, apesar de reconhecer um substancial cinzentismo a VPV, não pode deixar de sublinhar a acuidade da sua crónica de hoje num certo jornal (que agora não vem à memória). Esta perseguição aos que fumam vai dar lugar à perseguição aos que bebem, segue-se os que comem carne e por aí fora. Não há paciência.