A ministra da educação foi promovida a ministra da avaliação (irresistível este lapsus linguae do engenheiro e sintomático da obsessão).
O alvoroço é grande, portanto alguma parcimónia nas palavras.
Beterraba uma vez mais expõe a teoria da avestruz (o facto de a acompanhar de palavras de Javier Murillo e versos de Matt Johnson não a torna uma novidade).
A Monovitelina Lourosense fala de um processo cujo único objectivo é poupar uns cêntimos (que irão parar aos bolsos de um gestor, acrescenta ZD).
ZD prefere a teoria da ema, essa ave corredora sul-americana (impropriamente chamada avestruz) que pode parar para analisar o problema com que se depara, mas não recua.
Os professores não devem recuar perante um modelo de avaliação de professores esboçado e contraditório e um processo conduzido de modo desastroso.
A avaliação dos professores é um elemento imprescindível para melhorar a qualidade do ensino, mas é necessário um ministério da avaliação competente, capaz e credível.
ZD, enamorado de si mesmo (a escrita é um exercício solitário e o narcisismo uma vertigem), padecendo da temível verborreia (cuja definição o senhor Beterraba gentilmente lembrou: fluência excessiva de palavras; verbosidade inútil; logorreia), já cá anda há 3 anos.
ZD, o homem que amava cerveja em 2005 continua a amá-la em 2008, portanto provavelmente uns centímetros a mais na pança.
ZD continua danado (ou finge continuar) e a perseverança não é mais que o prolongamento da impertinência.
P.S. Beterraba e Monovitelina Mineira são parcialmente responsáveis pelo título do artigo.
Só os professores ainda não perceberam que a classe há muito tinha batido no fundo e que, finalmente, alguns passos estão a ser dados no sentido da credibilização e da valorização da vossa profissão.
A dramática metáfora (tinha batido no fundo) para retratar a classe dos professores e a utilização do pretérito mais-que-perfeito (tinha batido) não são novidades no discurso do Beterraba.
E, no entanto, as escolas movem-se, há vida nelas para além das tiradas dos observadores externos, os professores não se demitiram das suas responsabilidades. Aliás, os hospitais e os tribunais (para não falar em São Bento e na Assembleia da República), no contexto actual da sociedade portuguesa, parecem problemas cuja resolução se afigura mais complexa a ZD (Será que as classes dos médicos e dos juízes também bateram no fundo?).
Duas palavras caracterizam a acção deste ministério da educação para Beterraba: credibilização e valorização.
Duas palavras caracterizam a acção deste ministério da educação para ZD: incompetência (os exames nacionais não tardam) e incapacidade (de mobilizar os profissionais da educação).
Os passos dados por este governo mexem com os interesses instalados entre os professores, tornam a sua vidinha [menos] descansada, e será este o cerne da política educativa do governo. A cegueira dos professores não lhes permite ver o que Beterraba caracteriza como uma oportunidade. Os professores deverão como cordeiros subservientes acolher acriticamente a boa nova do ministério e envergonhados agradecer a visão estratégica deste governo (apesar das constantes trapalhadas, atropelos e recuos) para a educação portuguesa.
Esta discussão também não é novidade, ainda não bateu no fundo, mas foi chão que já deu uvas. Infelizmente para a sociedade portuguesa, o professor permanecerá como referência numa sociedade à deriva (sintomático o recuo do ministério relativo à impossiblidade dos professores serem presidentes do Conselho de Escola) e este governo desaparecerá como uma nódoa difícil (perdoe-se a comparação queirosiana).
Se Sócrates afirmasse que as donas de casa necessitavam de um avental debruado, os portugueses acreditariam que era imperioso avançar com esta medida em prol do país?
Parece que sim. Parece que a eficácia, a habilidade, a máscara de convicção do discurso do nosso primeiro-ministro são definitivamente cativantes e a amigável entrevista (só faltou a lareira e as pantufas) dada à SIC e ao Expresso esta semana reafirmou esta evidência.
Sócrates cultiva a aparência em detrimento da substância, a forma em vez do conteúdo e em Portugal aparente e formalmente a harmonia reina.
O diálogo guterriano foi substituído pelo monólogo socrático, algo panglossiano: vivemos no melhor dos mundos possíveis, governados pelo melhor dos políticos possíveis.
Quanto à política da educação, os senhores professores não esperem simpatias do senhor primeiro-ministro. A avaliação dos professores avançará, custe o que custar. José Sócrates e a Maria de Lurdes ainda não sabem bem como (parece que os diplomas relativos a este processo serão aprovados à medida que surjam dúvidas), mas terá que avançar este ano lectivo e a novidade é que o modelo chega do sistema de ensino norte-americano. Uma vez mais o governo transforma uma medida numa convicção e a essência deste processo é esquecida: promover o sucesso educativo e as boas práticas, distinguindo rigorosamente (que não é sinónimo de apressadamente) o mérito entre os docentes.
José Sócrates ainda não sabe se vai se recandidatar a primeiro-ministro e aqui ZD também tem uma convicção: quando o engenheiro diz que não sabe é sinal que sabe.
Imagine-se o futebol um desporto individual e o Benfica com o pé direito de Rui Costa, o esquerdo de Cardozo, os braços de Bynia, os penteados de Nelson, a acutilância de Petit, a velocidade de Di Maria, a presença física de Makukula e (para suscitar a aprovação do Beterraba) a audácia de José Sócrates. Ontem, com certeza, o Nuremberga sairia goleado da Luz.
O Carnaval passou.
ZD sambou na madrugada da terça-feira gorda ao som de Smells like teen spirits e à noite repousou no conforto de uma cadeira da sala de cinema e assistiu ao regresso de Tim Burton
O primeiro plano do filme é revelador: numa embarcação que chega a Londres, um jovem marinheiro celebra com a sua cândida voz a cinzenta cidade que surge à sua frente; ligeiro movimento da câmara para o lado direito e surge o rosto carregado e a voz cava de Johny Depp, amaldiçoando Londres, palco da sua tragédia pessoal.
Sweeney Todd é um musical (não restem dúvidas) sombrio, que se ajusta a um universo burtoniano (para não falar de Eduardo Mãos de Tesoura - do braço que se completa com a navalha-, Londres, por exemplo, não anda longe da Gotham City de Batman).
Johny Depp na sua personagem corporiza a amplitude da perversidade humana vítima da perversidade humana, preso num presente para o qual não existe redenção possível, observando no espelho partido os escombros do passado.
Sweeney Todd habita a sarjeta do ser humano e da sua escuridão apenas emerge o vermelho do sangue que tinge o ecrã.
Perturbante e imperdível.
Noite de quarta-feira: Dexter estreia no canal 2. ZD encontra-se no sofá. Textos lidos chamaram a sua atenção para esta série. O primeiro episódio alicerçou o interesse.
Não nos encontramos em Londres, o palco é Miami. No entanto, a sombra encontrada em Sweeney Todd também se instalou nesta cidade norte-americana. A música cubana tempera o vazio, a pulsão assassina, o sorriso enigmático, o lúcido monólogo interior, o trabalho meticuloso de Dexter.
Perturbante e imperdível.
P.S. Problemas de rede (esta tragédia do século XXI) impediram a publicação deste artigo na semana passada. No entanto, esta semana também haverá sangue.
Não vale a pena.
ZD tem a profunda convicção que o ar em Portugal está hoje menos respirável.
As páginas dos jornais potenciam o cepticismo: uns gritam corrupção, outros clamam calúnia.
O Estado fecha as torneiras dos cofres públicos, mas o dinheiro continua a escorrer para aqueles que, em bom tempo, trataram da sua vidinha e, mais importante, as negociatas continuam.
Os ministros e as maratonas de despachos, os engenheiros que vivem de expedientes, os gestores que saltam de gabinete em gabinete com vencimentos sumptuosos e cláusulas de rescisão principescas, os criminosos que não vão a julgamento pululam neste país como formigas em dia de piquenique.
O senhor José Miguel Júdice fala em calúnia recorrente, resultado da inveja daqueles desprovidos de mérito, incapazes de sucesso. Este senhor acredita naqueles que chegaram ao topo por competência própria (como será o seu caso). O senhor José Miguel Júdice é sócio de um restaurante em Lisboa com uma estrela Michelin,escreve no Público e não vive no mesmo país que ZD. Não lhe fará mal ler a entrevista a Manuel Alegre nas páginas do mesmo jornal.
Não vale a pena, a alma é demasiado pequena.
P.S. Posso garantir à Monovitelina Mineira que a faceta narcísica de ZD se encontra saudável, o mesmo não se pode afirmar da respectiva faceta patriótica.