No périplo para divulgação da boa nova (leia-se moção de Sócrates dirigida ao congresso socialista), descobriu-se que o engenheiro não é omnipresente (apenas algumas capitais de distrito contarão com sua verve política ao vivo) e tem saudades de ser tratado como camarada. Com a bandeira do casamento homossexual numa mão e a da regionalização na outra, alivia o insuportável peso da amarga realidade.
Augusto Santos Silva, arremedo de Sócrates nas capitais de distrito que não foram bafejadas com the real thing, afrontado pelos militantes socialistas (querer discutir assuntos dos socialistas num encontro de socialistas, que ideia!), num assomo poético, afirmou que gosta é de malhar na direita e na esquerda plebeia e chique (leia-se PCP e BE).
Poderá parecer perturbador que militantes socialistas façam eco em surdina de um medo de falar no seio do seu partido, contudo é animador para o país saber que o Augusto gosta de malhar.
À saída do cinema, alguém dizia: «Agora em todas as crianças podemos imaginar um Brad Pitt.»
O filme The curious case of Benjamin Button, de David Fincher (o livro de F. Scott Fitzgerald fica para outras bodas), é, passe a redundância, curioso, sobretudo nos pormenores.
O investimento (excessivo) no par central não é em vão (e Cate Blanchett surge radiante), contudo a atenção de ZD deslizou recorrentemente para o relógio da estação, para o homem atingido por um raio sete vezes, para os botões, para o artista do rebocador.
Detalhes decerto, mas detalhes que diluem a efemeridade vertiginosa da vida dos amantes e lembram o São Leonardo de Galafura, de Miguel Torga, entretido com os vinhedos, sem pressa de chegar ao Céu.
A recessão, a vertigem do desemprego, o tio e o primo do Sócrates, as luvas, a chuva e a neve.
«Depois disto vi um Anjo descer do céu. Nas mãos tinha a chave do Abismo e uma grande corrente.» (Apocalipse, 20)