No burilar dos artigos, o título é para ZD um momento de hesitação. Entre a pretensão de Vinum laetificat cor hominis e a crueza de Beber para esquecer, triunfou o primeiro.
No seu roteiro para a inclusão, o nosso Presidente da República, em jeito de beato, pensa que chegou o tempo de dar as mãos e olhar para as principais vítimas deste momento de crise.
No seu desvairado itinerário, ZD regressou este fim de semana ao Palácio da Bolsa no Porto, imergiu na Essência do Vinho e, por instantes, foi possível esquecer a aviltante realidade.
A alegria do vinho é contagiante e resistente ao estafado quotidiano. Entre cerca de 18 mil visitantes, ZD celebrou o néctar da videira oscilando entre a excelência dos vinhos tintos do Alentejo e do Douro. A Adega de Borba, a Adega Mayor (entusiasmante o Garrafeira do Comendador), a Herdade do Esporão, a Herdade do Mouchão, a Herdade dos Coelheiros, o J. Portugal Ramos (magnífico o Marquês de Borba Reserva), a Quinta do Noval (deleitoso o vintage), a Quinta do Crasto (esplêndido o Reserva Vinhas Velhas) e a Quinta Nova N. S. Carmo elevaram-se como miradouros para a arte do vinho.
O coração de ZD alegrou-se e no fim do dia regressou à triste saga da mini.
Após a poluição sonora do fim de semana (com epicentro na estimada cidade de Espinho), nada como lavar os ouvidos com versos no rio Douro e desistir de vencer 2009 com versos do Cântico Negro, de José Régio, ressoando na irreverência possível:
«"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com os olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...»
Já há quatro anos que ZD anda por aqui. Entre as ironias e os cansaços, permanece a teimosia de não ir por ali.