Abundam as garantias dos barómetros e das sondagens, a dúvida esfumou-se - Sócrates e os assessores ouviram a mensagem dos portugueses nas europeias, rezaram o acto de contrição e vinte ave-marias e colocaram o espumante da Bairrada no congelador.
Dizem que o ano de 2009 vai ser excelente, no que diz respeito ao espumante. Já nos outros campos, o que resta de 2009 não parece tão promissor. É o problema do excesso de cor do engenheiro, brilha tanto que parece irreal - do animal acossado ao menino traquinas arrependido, não será um exercício fácil adivinhar o novo fato engendrado pelos assessores para o Sócrates pós-eleições.
Nas sondagens triunfou o conformismo dos portugueses, vingou o argumento do ele não é boa rês, mas pior será a outra senhora. No dia 27 a vitória será o regresso ao passado recente, o triunfo da ilusão, pois Sócrates não mudou, apenas houve a necessidade de compor um arremedo de Sócrates na estratégia de reconquista do poder.
No entanto, nem tudo será sombra no domingo, se o Benfica ganhar ao Leixões no sábado à noite.
O clímax dos tíbios debates entre os líderes dos partidos com maior expressão na nossa vida política encontra-se agendado para a noite de amanhã e não se prevê a febre de sábado à noite.
Antecedido pela derrota estrondosa de Manuela no debate com Portas (8-1, para o Portas, dizem os politólogos na SIC-Notícias) e pelo encontro de extremos esta noite (BE vs. CDS-PP, ou seja, combate às grandes fortunas vs. combate ao Rendimento de Inserção), o embate de amanhã entre Manuela Ferreira Leite e José Sócrates é o confronto de duas faces da mesma moeda - uma mais cinzenta, gasta; outra mais polida, mas não menos deteriorada - e a verdade é que Manuela e Sócrates circulam pelos corredores e gabinetes da política nacional há demasiado tempo e não é o ar simpático, bonacheirão, descontraído (riscar o que não interessa) do engenheiro, escrupulosamente gerido pelos assessores, que o distancia de Manuela.
Após o debate de amanhã, que, num exercício de futurologia, deverá ter um resultado semelhante ao 8-1, interessaria sobretudo pensar no P.S. (Post-Sócrates), e eventualmente no P.M. (Post-Manuela), porque dificilmente o governo resultante desta eleição deixará de ser de transição e também dificilmente Jerónimo, Louçã e Portas (e respectivos partidos) deixarão de ser quem são.
Da claustrofobia à asfixia foi um curto passo. Impõe-se um plano de contingência, impõe-se um novo rumo without them (eufemismo de fuck them).