Após a sanha de Maria de Lurdes (que uma vez mais ecoou o adágio Entrada de leão, saída de sendeiro), um novo mote surge no ministério da educação - negociação. Em cima da mesa o Estatuto da Carreira Docente e o modelo de avaliação de desempenho dos professores e de um lado uma ministra que se afirma convicta. Nas escolas um oceano de dúvidas.
Ainda é cedo para avaliar o sentido da negociação, o rumo ou a insistência na ausência de rumo. Crucial será, no entanto, afastar a demagogia e os lugares comuns do debate, os slogans fáceis e integrar na discussão os que conhecem a escola pública.
Nos últimos tempos, com os noticiários engripados, ZD não enjeitou a pulsão de olvidar o que nos rodeia e tem andado, de há umas semanas para cá, numa revisão devoradora das temporadas de The Sopranos.
Obra-prima do pequeno ecrã, olhar devastador sobre as relações humanas, sobre as contradições de uma sociedade norte-americana - no centro da História recente e verdadeiro aríete da civilização ocidental contemporânea, The Sopranos reequaciona a arte narrativa partindo de um núcleo de personagens que recusa uma linear representação do comportamento humano e um encadeamento lógico de acontecimentos. Oscilando entre a violência e a sexualidade cruas e o humor complexo, os episódios acumulam pormenores que se inscrevem como signos de legibilidade, actos de homenagem, intertextos, enriquecendo a textura de uma obra de arte dos tempos que correm.
É verdade que ocasionalmente a realidade imita a ficção e parece incontornável que mais tarde ou mais cedo a TVI embarque numa telenovela livremente inspirada nesta série e com um título decalcado da realidade - A nova telenovela das suas noites: Face Oculta.