Se o moralismo do governo anterior, inocentemente associado a um pseudorreformismo, era insuportável - e, com relativa abundância, ZD aqui abordou com o florete a cobardia travestida de determinação de um conjunto de políticos que supostamente enfrentava interesses instalados na nossa sociedade, apodados de ilegítimos -, o moralismo do presente governo cheira mal e não há como disfarçar.
Numa estratégia sinuosa, Passos Coelho e Miguel Relva têm saído de modo intermitente da letargia mediática deste governo, que se percebe conveniente, e o discurso partilhado não passa de artifício. O rigor nas contas públicas, a inexistência de um percurso alternativo, os ditames da troika, argumentos esvaziados pela endémica falta de coragem para combater o que ninguém combate nesta deriva que se sucedeu ao 25 de abril: o clientelismo partidário, as gamelas, a promiscuidade dos agentes políticos e económicos. Neste sentido, a TAP e a CGD emergem como sinal inequívoco da fraqueza deste governo.
Entretidos com as contas por pagar, os portugueses mudam de canal quando descobrem o primeiro-ministro ou o seu arremedo no ecrã, invejam as estruturas profissionais da TAP e da CGD e demasiado lentamente interiorizam que esta democracia se encontra ferida e que a sangria dos pequenos apenas nos aproxima da hora fatal.