1. Há longo tempo que não blogo e entretanto choveu.
2. Deitar cedo e cedo erguer, de acordo com a vox populi, dá saúde. Os sessenta e cinco quilómetros que me separam do meu local de trabalho tornaram-me um homem saudável e divorciaram-me positivamente da pseudorrealidade fabricada pela comunicação social, do naufrágio de um país incapaz de despejar uma elite que, apesar de rasgar todos compromissos assumidos com uma sociedade exangue, delirantemente se reconhece legitimada pelo voto popular.
3. A demissão de Miguel Macedo, como todas as demissões de senhores ministros e secretários de estado nesta coutada, é mais uma evidência do pântano. Travestida como exercício de honorabilidade do responsável político, não passa de mais uma exalação deste odor pútrido que envolve uma classe que corporativamente se eterniza no poder através da encenação de um conflito que tem como bonifrates PSD e PS.
4. Celebrada pelo salazarismo, a nossa brandura tem dado imenso jeito aos governantes de um país onde, como decretou a nossa ministra das finanças, não abundam os ricos. No entanto, não se iludam, os «[...] humilhados, pela noite, / Para a vingança aguçam os punhais.»