Ciclicamente surge em rotineiras discussões, nos cafés, na internet, o tema dos professores. A monotonia do tema não propicia um artigo com interesse garantido, todavia ZD não resiste a algumas notas de rodapé.
Porventura os professores não merecem tanta atenção, no entanto, erguidos como o monstro que devora o erário, sistematicamente estão na berlinda. As regalias infindáveis do estatuto da carreira docente suscitam invejas mais ou menos acentuadas e médicos, engenheiros, arquitectos, enfermeiros, advogados suspiram não terem escolhido em determinado momento a profissão de professor (perdoem a aliteração).
A maioria da sociedade portuguesa não é professor, portanto o peso desta inveja não é fardo leve (a palavra inveja poderá não ser a mais rigorosa, mas é a que ocorre).
O nosso actual governo, onde os professores não abundam (a Maria de Lurdes afirma ser professora com pouca convicção e ainda por cima encontra-se sob a alçada do Mariano Gago), teve a coragem de analisar as regalias infindáveis do estatuto da carreira docente. É necessário um travão, chega a altura de colocar os professores a trabalhar (professores, engenheiros, antropólogos, sociólogos, contabilistas, afinal nos quadros de escola não existem somente professores). O governo encontrou o mal, é necessário sangrar.
A sociedade aplaude, o mal (o professor) queixa-se.
Falta saber se se aproxima a cura ou se o corpo desfalece sem sangue.