Esta novela de medíocre qualidade que tem como cenário a Câmara Municipal de Lisboa trouxe de novo para a ribalta a podridão que mina as nossas autarquias. A promiscuidade entre o poder político e o poder económico, a falta de vergonha dos autarcas, a conivência dos partidos políticos não são novidade, todavia Lisboa tem uma projecção que outras câmaras não têm.
Durante esta crise da autarquia lisboeta foi evidente o desconforto de todos partidos na gestão das respectivas posições. Não é conveniente ir para guerra sem contar as espingardas e as eleições intercalares terão um grau de imprevisibilidade acentuado - não nos esqueçamos como os eleitores reagiram às candidaturas de Fátima Felgueiras, Valentim Loureiro e Isaltino Morais.
Marques Mendes tardou, mas mostrou alguma coerência na posição assumida pelo PSD (apesar de algumas vozes que se ergueram em relação à necessidade de também promover eleições para a Assembleia Municipal e assegurar a governabilidade da cidade de Lisboa).
Carmona não quis abandonar o barco, ficou refém dos restantes vereadores que o atiraram borda fora e permitiu uma vez mais confirmar que para os nossos autarcas o exercício do poder não é um serviço, é um cofre que se conserva até ao último momento.
João Soares, que herdou a Câmara Municipal de Lisboa de Jorge Sampaio, sendo posteriormente derrotado por Santana Lopes, derrotado por Fernando Seara em Sintra, espreita mais uma oportunidade. Ele será certamente um político dos mais incapazes da nossa pobre praça, mas ostenta cartão de militante do PS e o apelido Soares.