A greve dos argumentistas prossegue por terras norte-americanas, já se conhecem os candidatos aos Óscares e ZD, enquanto aguarda ansiosamente a estreia nas salas portuguesas de No country for old men dos irmãos Coen e There will be blood de P. T. Anderson (inspirados títulos para incursões no universo do western de realizadores que ZD aprecia), aproveitou o serão de ontem para ver a segunda parte do projecto Grindhouse: Planeta Terror.
O filme realizado por Robert Rodriguez reforça a ideia que esta sessão dupla idealizada por Rodriguez e Tarantino (nostálgicos de um cinema e de uma relação com o cinema evocados por este projecto) foi infelizmente amputada pelos resultados da bilheteira e, uma vez mais, o negócio sobrepôs-se ao cinema.
O filme inicia-se com um trailer do filme Machete e expõe desde o primeiro segundo o imaginário que habita os dois filmes de Grindhouse. A cinefagia, a homenagem, a apropriação de um universo cinematográfico (onde a violência surge de forma quase caricatural, com as costuras à mostra) não se encontram ocultadas. Rodriguez desenha mais uma variante do confronto entre zombies e humanos com uma acidez corrosiva. O pus atirado ao ecrã, os jorros de sangue, os corpos esquartejados, as entranhas expostas sucumbem ao irmão moribundo que revela a receita do molho, à bobina desaparecida e à perna, à perna mutante, à irresistível perna dançarina, à perna amputada, à perna de pau, à perna desequilibrada, à perna que corre, à perna letal.