O Carnaval passou.
ZD sambou na madrugada da terça-feira gorda ao som de Smells like teen spirits e à noite repousou no conforto de uma cadeira da sala de cinema e assistiu ao regresso de Tim Burton
O primeiro plano do filme é revelador: numa embarcação que chega a Londres, um jovem marinheiro celebra com a sua cândida voz a cinzenta cidade que surge à sua frente; ligeiro movimento da câmara para o lado direito e surge o rosto carregado e a voz cava de Johny Depp, amaldiçoando Londres, palco da sua tragédia pessoal.
Sweeney Todd é um musical (não restem dúvidas) sombrio, que se ajusta a um universo burtoniano (para não falar de Eduardo Mãos de Tesoura - do braço que se completa com a navalha-, Londres, por exemplo, não anda longe da Gotham City de Batman).
Johny Depp na sua personagem corporiza a amplitude da perversidade humana vítima da perversidade humana, preso num presente para o qual não existe redenção possível, observando no espelho partido os escombros do passado.
Sweeney Todd habita a sarjeta do ser humano e da sua escuridão apenas emerge o vermelho do sangue que tinge o ecrã.
Perturbante e imperdível.
Noite de quarta-feira: Dexter estreia no canal 2. ZD encontra-se no sofá. Textos lidos chamaram a sua atenção para esta série. O primeiro episódio alicerçou o interesse.
Não nos encontramos em Londres, o palco é Miami. No entanto, a sombra encontrada em Sweeney Todd também se instalou nesta cidade norte-americana. A música cubana tempera o vazio, a pulsão assassina, o sorriso enigmático, o lúcido monólogo interior, o trabalho meticuloso de Dexter.
Perturbante e imperdível.
P.S. Problemas de rede (esta tragédia do século XXI) impediram a publicação deste artigo na semana passada. No entanto, esta semana também haverá sangue.