O senhor Nick Cave (devidamente acompanhado pelas más sementes) desembocou na noite de ontem no Coliseu do Porto e o que mais impressionou foi a barragem (que garantiu a abundância de electricidade) que antecedeu a foz.
Dig!!! Lazarus Dig!!! foi o manancial do concerto. A implosão de Night of the Lotus Eaters (Get ready to shield yourself) abriu a noite e, em sentido inverso, serviu de preâmbulo à explosão de Today's Lesson, à garantia (dada por um tipo de bigode suspeito) de que we're gonna have a real good time e à ameaça da Red Right Hand.
Nick Cave & The Bad Seeds não desiludiram o público presente (não esperem de ZD, um adepto caveano de longa data, um exercício crítico rigoroso), no entanto, foi notório que as comportas do espectáculo necessitam de algumas afinações. As entradas e saídas falhadas de algumas músicas, as dificuldades de Cave nas canções mais palavrosas (caso de Papa Won't Leave You, Henry), a desistência de Into my Arms após os dois acordes iniciais foram pormenores que o público ignorou, atordoado com as descargas eléctricas da guitarra de brincar do eremita hendrixiano Warren Ellis e rendido a momentos como os de The Ship Song, Moonland, Deanna, Tupelo, Straight to You, [The bad motherfucker] Stagger Lee.
Recompensado com uma versão inaudita de Lovely Creature (the first and the last time we'll play it live para ouvidos ingénuos), o público saiu do Coliseu com os loops de We Call upon the Author a circular perigosamente no cérebro, mas reconfortado por Nick Cave prezar os palcos portugueses e o regresso ser iminente.
Obri[fuckin']gado.