De Viseu a Neuchatel, um imenso cordão humano acompanhou a selecção nacional em mais uma viagem onde o sonho suplanta a vida (perdoe-se a distorção das palavras de António Gedeão). De Viriato a Guilherme Tell, a euforia desmedida, os gritos roucos de incentivo, as bandeiras desfraldadas, a arrebatada alienação do futebol.
De Vila Praia de Âncora à Quarteira, com violenta escala em Matosinhos, nas lotas da nossa costa, a greve dos pescadores, a exaltação, o irracional impulso contra o pescado que chega de fora, a intolerável insurreição contra as forças da ordem. Os tisnados pescadores lusitanos destilam amargura e as águas do descontentamento social agitam-se.
Em Lisboa, Manuela Ferreira Leite é empossada como presidente do PSD e presumível rosto da oposição a este governo. Passos Coelho, que se legitimou no interior do partido com a significativa percentagem alcançada, promete ser construtivo. Como não reflectiu antes, Santana Lopes vai reflectir após mais esta derrota. Entre Sócrates e Ferreira Leite, desconhece-se onde serão empoladas as divergências políticas, mas provavelmente a principal será na forma, uma vez que na substância são duas faces da mesma moeda.
A Milão chega José Mourinho, aureolado por Moratti, circunspecto em virtude do estilo e mais rico em virtude do contrato.
Entre Boston e Los Angeles se disputa a final da NBA. De novo LA Lakers e Boston Celtics protagonizam o desenlace mais mítico desta competição única. Corriam os anos 80 do século passado e as madrugadas de sexta-feira de ZD no segundo canal tinham basquetebol comentado pelos professores João Coutinho e Carlos Barroca e tinham a genialidade de Magic Johnson, o sky hook de Kareem Abdul-Jabbar e a precisão de Larry Bird. Em 2008 é a internet que o aproxima das proezas de Kobe Bryant, Pau Gasol, Lamar Odom, Kevin Garnett, Paul Pierce e Ray Allen.