Num país de comentadores encartados da coisa futebolística, perante um resultado de 6-1, como o de ontem, pessoas inteligentes tenderiam a relegar para um plano secundaríssimo a arbitragem. No entanto, é de Portugal que falamos, um país de rafeiros nas palavras do presidente do Nacional, e, quando se aborda o tema da bola, a obtusa clubite inquina o debate.
Parece justo que, perante um percurso entusiasmante, se reconhecesse ao Benfica de Jorge Jesus uma qualidade inaudita há longo tempo. O conjunto de goleadas, independentemente dos resultados futuros, não será argumento despiciendo na celebração da equipa com maior talento ofensivo dos últimos anos na liga portuguesa.
Por outro lado, adversários e comentadores, com a perspicácia de um Guilherme Aguiar, insistem no inferno da Luz, na pressão sobre os homens do apito, no túnel, nas câmaras. Enfim, aprenda-se o dialecto machadês, pois um vintém será sempre um vintém e uma meia-dúzia será sempre uma meia-dúzia.