A cinefilia de ZD tem andado arredada das salas de cinema e dos videoclubes. Ainda que, nas últimas semanas, tenha surgido o confronto com os contendores dos Óscares deste ano - The Hurt Locker, de Kathryn Bigelow (claustrofóbico relato da experiência da guerra, saturado com as cores do deserto) e Avatar, de James Cameron (Jurassic Park tintado pelas possibilidades de um espaço inverosímil, é nas Hallelujah Mountains que se encontra o culminar do delírio imagético), foi perdido na programação de um canal que emergiu o improvável acontecimento cinéfilo de 2010.
Filme de 1983, de Francis Ford Coppola, Rumble Fish ressoa um tempo em que o cinema norte-americano era risco poético. Percorrido pela espectral presença do Motorcycle Boy (Mickey Rourke) e pela sombra que envolve a relação com RJ, o irmão mais novo (Matt Dillon), é através da voz cava de Benny (Tom Waits), improvável filósofo, atrás de um balcão de uma cafetaria, que se verte a matéria trabalhada pelo filme:
«Time is a funny thing. Time is a very peculiar item. You see when you're young, you're a kid, you got time, you got nothing but time. Throw away a couple of years, a couple of years there... it doesn't matter. You know. The older you get you say, "Jesus, how much I got? I got thirty-five summers left." Think about it. Thirty-five summers.»