Sexta-feira, 2 de Março de 2012
Março, árido março
- Corre já o mês de março e entretanto sete anos separam ZD do incipit deste antro internético. As aparições por aqui espreguiçaram-se, espaçaram-se e os mais estimados arqui-rivais de ZD volatilizaram-se (para os desatentos e para os atentos, refiro-me a José Sócrates e a Maria de Lurdes Rodrigues, que merecem esta estima sui generis, pois, por um largo período de tempo, mereceram uma briosa defesa e legitimação de certos comentadores deste blog). O saldo destes sete anos: foi necessário que tudo mudasse para que, no fundo, tudo ficasse na mesma.
- A reforma autárquica, lembrando os tempos do corajoso Sócrates reformista, não passa de um arremedo de reforma. Neste sentido, ouvir Miguel Relvas falar de coragem política não pode ir além de uma grosseira anedota. A timidez na redefinição do mapa autárquico é o trágico reconhecimento da incapacidade de acabar com as gamelas, da lógica de um governo que não pode deixar de alimentar a sua clientela partidária.
- O Benfica-Porto desta noite parece que não é decisivo, é apenas importante. Porventura seria decisivo se Jorge Jesus não tivesse prescindido da almofada de cinco pontos de vantagem, que fragilizaria um Vítor Pereira, até hoje um precioso aliado dos interesses do Benfica. No entanto, o sal do empate na liderança foi mais forte e resta ao Benfica ser capaz de um certo cinismo tático e repetir a injustiça do resultado do Porto em Manchester perante os citizens.
- ZD vai ficando sem paciência para a previsibilidade do espetáculo dos Óscares e para o politicamente correto na atribuição dos prémios: os Estados Unidos estão a pagar a dívida aos colonizadores? Depois da Grá-Bretanha com O discurso do rei, agora a França com O Artista?