Quando a doença do euro começa a ganhar contornos fatais aqui ao lado em Espanha, surge o Euro 2012 no leste europeu. No entanto, as tréguas resultantes da alienação do espetáculo do futebol - proveitosas para os nossos (des)governantes - são frágeis.
É verdade que o sorteio foi antipático, encravado entre um bloco central de ex-campeões europeus, Portugal não terá a obrigação de ficar nos dois primeiros lugares do grupo. A melhor Alemanha dos últimos anos, uma Holanda de tração à frente e uma Dinamarca com uma fiabilidade a anos-luz da nossa, três ameaças ao sucesso luso e sobretudo à projeção do que realmente interessa aos outros na nossa seleção: Cristiano Ronaldo.
Os dois últimos confrontos avivaram problemas por resolver há demasiado tempo numa equipa portuguesa que se quer afirmar como hipotética campeã: a fiabilidade defensiva e a eficácia ofensiva. O nosso calcanhar de Aquiles reside onde os jogos se decidem, ou seja, a grande-área e respetivas imediações. Por outro lado, há também alguma previsibilidade no nosso arsenal ofensivo e todos sabem que o único perigo da nossa seleção parte da esquerda ou da direita em diagonais para a baliza adversária.
Perante a armada germânica, por cá, espera-se o pior. A ZD não parecereria despropositado um meio-campo de combate - Custódio, Meireles, Moutinho, Viana (Veloso é um equívoco) - e um ataque que se alimente exclusivamente da magia de Nani e Ronaldo.