Corre junho, insinua-se o verão e a indigência que impõe a divagação:
1. Raiz do que somos, a Grécia transfigurou-se em bomba-relógio que ameaça estilhaçar a Europa que conhecemos. Tsipras fez um sacrifíco aos deuses e estes revelaram-lhe a faceta demoníaca do FMI. Talvez não fosse necessário o sacrifício.
2. Por cá, na cabeça da Europa, as promessas foram rasgadas. O povo português confronta-se agora com as garantias da coligação Passos & Portas, com as causas do Costa e com as dívidas por pagar. Os avisos externos multiplicam-se: o desvio da austeridade salvífica será trágico, é necessário continuar a cortar, sobretudo naqueles que ainda não devolveram as casas aos bancos. 2015 é um labirinto. A saída pelo lado da coligação é uma garantia de continuidade da incompetência, da falta de transparência, do corte cego na despesa, de perseguição da classe média. A saída pelo lado socialista desenha-se como uma ameaça de regresso à incompetência anterior a este governo, à desgovernação, ao delírio das grandes obras.
3. Jorge Jesus fez as malas e partiu. A viagem foi curta. Mudou-se para Alvalade. A euforia encarnada após a conquista do bicampeonato transformou-se em ressentimento, que é injusto. A miséria sportinguista, atenuada parcialmente pela Taça de Portugal, transformou-se em euforia. O futebol é uma contínua reflexão sobre o conceito de efemeridade.