Segunda-feira, 9 de Junho de 2014
Brasil 2014 - notas mais ou menos nostálgicas
- Dizem que o futebol nasceu em terras britânicas e a etimologia certifica-o. No entanto, compreendendo o nascimento como um fenómeno físico, o futebol cruzou o oceano Atlântico e renasceu como arte no Brasil.
- A magia do futebol para mim estará sempre enraizada na seleção brasileira do mundial de 1982. A par do Naranjito, continuam gravados na minha memória a magia com a bola nos pés de Falcão, Sócrates, Zico e Éder e o ressaibo da derrota da melhor seleção de sempre pela cínica Itália.
- O mundial de 2014 reconduz-nos a um país que é um continente em ebulição. A exposição mediática abrange o apelo do futebol, do carnaval, do samba, da praia, da selva, da picanha e da maminha, da lima e da aguardente de cana, mas também o negrume da favela, da marginalidade, da miséria, do conflito social, da desigualdade. Esta perplexidade ganha fôlego no Rio de Janeiro, uma cidade que encanta e desorienta pela beleza do oceano que namora a praia, pela dimensão dos morros, pelo ritmo que circula pelas ruas (e que me traz sempre à memória o bar Carioca da Gema).
- A seleção brasileira de Felipão será uma espécie de receita requentada que tornou possível a conquista da taça no paupérrimo e atípico mundial de 2002 - fiabilidade defensiva e um meio-campo trabalhador que permita a libertação dos jogadores decisivos no ataque -, ou seja, é melhor ganhar sem génio do que perder espalhando magia (como aconteceu em 1982). Sem Neymar, este Brasil seria um triste reflexo de outras seleções.
- De entre o Brasil, a Argentina, a Alemanha e a Espanha sairá o provável campeão. Menos prováveis serão o Uruguai, a Itália, a França, a Holanda, a Inglaterra ou, permitam-me o delírio nacionalista, Portugal.
- A seleção portuguesa é incontornavelmente a fórmula CR + 10. Sem Cristiano Ronaldo, somos uma espécie de fogo-fátuo. Com ele, surgem os holofotes.