O crepúsculo de 2015 segue ameno e impõe-se a colheita.
1. O trágico conflito que ensaguenta o século XXI andou pelas bulevares parisienses em 2015 e o terror, de novo, assaltou o quotidiano do cidadão anónimo, que paga um preço exorbitante de uma dívida que não lhe diz respeito.
2. O ano que ainda corre lembrou a efemeridade dos governos. O governo dos «usurpadores» sucedeu ao governo que quis que o nosso país acreditasse que o único caminho é exaurir a classe média e manter o contentamento dos mercados e dos pseudoinvestidores. De Passos e Portas não rezará a História, de Costa provavelmente também não.
3. As viagens de urbano para Gaia alimentaram um leitor cada vez mais conservador. As incursões para além da prosa e da poesia portuguesa do século XX, vão rareando e, neste sentido, de novo as páginas de Aquilino («Volfrâmio»), Mário de Carvalho («Novelas Extravagantes»), Torga («Contos e Novos Contos da Montanha» e «Senhor Ventura»), Sena («Antigas e Novas Andanças do Demónio»), Cardoso Pires («Balada da Praia dos Cães»), Lobo Antunes («Segundo Livro de Crónicas»), Agustina («Fanny Owen») e Vasco Graça Moura («Poesia Reunida»). Para além do conservadorismo e deste rol de companhias recomendáveis, «A Condição Humana», de Malraux (traduzido e prefaciado por Sena) e as «Crónicas», de Dylan.