Ainda que não seja polígamo, por entre a música que ouço nos tempos que correm há cinco mulheres que me mantêm fascinado: Aimee Mann, Beth Gibbons, Cat Power, Joanna Newsom, PJ Harvey. Polly Jean Harvey é porventura a relação com uma raiz mais profunda (poderia ser Beth Gibbons, se o encantamento radicasse em «Dummy», dos Portishead, e, na verdade, radica em «Out of Season»). Em «Down by the Water», de «To bring you my love» (1995), Polly Jean não se insinua, a sua voz ataca diretamente a presa e não permite qualquer resistência. Os álbuns seguintes atenuam o flirt com os blues, mas não desviam PJ de um rock construído entre provocação e encantamento. A penúltima obra - «Let England Shake» - reforça uma tonalidade elegíaca e analógica de uma obra que respira e, ao mesmo tempo, se afasta do seu tempo e «The Hope Six Demolition Project» confirma esta tonalidade. No Primavera Sound, no Porto, reencontro-a ao vivo e espero que o adjetivo «memorável» seja insuficiente.